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No ritmo que estamos seguindo, tudo indica que o plástico será um dos maiores vestígios que deixaremos para o mundo; pesquisas estimam que de 5 a 12 milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos chegam ao mar a cada ano.

Por BBC 
15/09/2019 11h55 
Atualizado há 7 horas

Será que podemos dizer que estamos vivendo a era do plástico?  — Foto: Getty Images/ BBC

Será que podemos dizer que estamos vivendo a era do plástico? — Foto: Getty Images/ BBC 

Imagine como seria uma aula de história em uma escola no ano 3000. 

Que rastros teríamos deixado os estudantes que habitam a Terra? 

Assim como conhecemos hoje as ferramentas primitivas da Idade da Pedra ou as armas mais sofisticadas da Idade do Ferro, que vestígios veriam de nossa era? 

No ritmo que estamos seguindo, tudo indica que o plástico será um dos maiores vestígios que deixaremos para o mundo. 

Um novo estudo revela que a grande quantidade de plástico que usamos está sendo marcada no registro fóssil do planeta. 

Portanto, alguns cientistas afirmam que estamos na Era do Plástico. 

“Estamos usando tanto plástico que é por isso que seremos lembrados”, disse à BBC Jennifer Brandon, bióloga microplástica da Universidade da Califórnia (EUA) e autora da pesquisa.

Um fóssil eterno

Pesquisas estimam que de 5 a 12 milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos chegam ao mar a cada ano  — Foto: Getty Images/ BBC

Pesquisas estimam que de 5 a 12 milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos chegam ao mar a cada ano — Foto: Getty Images/ BBC

Para chegar a essa conclusão, Brandon e sua equipe analisaram sedimentos do fundo do mar perto da costa da Califórnia, que datam de 200 anos atrás. 

Ao analisar seus compostos, eles notaram que a partir de 1940 a quantidade de plásticos microscópicos dobrava a cada 15 anos. 

Em 2010, quando as amostras foram coletadas, as pessoas estavam depositando plástico no mar a uma taxa 10 vezes maior do que antes da Segunda Guerra Mundial. 

“É como se estivéssemos fazendo chover plástico no oceano”, diz Brandon.

A bióloga diz que sua descoberta reforça a ideia de que o acúmulo de plástico pode ser usado como um indicador do início do Antropoceno, uma era geológica proposta pela comunidade científica que se caracteriza pelas mudanças que os seres humanos causaram no planeta. 

O estudo de Brandon sugere que “nosso amor pelo plástico” é um dos marcos que indicam o início do Antropoceno. 

“O plástico é um marcador biológico perfeito porque nunca se degrada”, diz Brandon. “Dura quase para sempre.”

Uma pegada prejudicial

O plástico é popular há apenas 75 anos, mas a marca que ele deixa é duradoura. 

As amostras analisadas por Brandon e sua equipe revelam que a maior parte do plástico contido no fundo do mar veio de fibras de roupas, mas também foram encontrados fragmentos de materiais de sacolas e outros tipos de partículas. 

Pesquisas anteriores estimaram que de 5 a 12 milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos chegam ao mar a cada ano. 

Outros estudos mostraram que os organismos marinhos que ingerem plástico sofrem danos que se espalham por toda a cadeia alimentar. Muitos morrem depois de ingerir o produto. 

Um relatório sobre o futuro dos mares, divulgado recentemente pelo governo do Reino Unido, alertou que a quantidade de plástico no mar pode triplicar em uma década, a menos que o lixo seja contido.

Cinco nações asiáticas – China, Indonésia, Filipinas, Vietnã e Tailândia – respondem por até 60% do lixo plástico que acaba nos oceanos, de acordo com um relatório de 2015 da Ocean Conservancy e do McKinsey Center for Business and Environment. 

Com esse tipo de resíduo despejado na água em uma escala que chega a milhões de toneladas por ano, desde plânctons minúsculos até baleias enormes acabam ingerindo esse material acidentalmente ao se alimentar ou ao confundi-lo com o próprio alimento. A explicação de pesquisadores é que o plástico não só parece, mas também tem cheiro de comida. 

Uma questão existencial

Brandon diz que os seres humanos “se tornaram dependentes do plástico”, mas adverte que ela não defende sua eliminação completa de nossas vidas. 

Para ela, a chave é mudar alguns hábitos e usar apenas o estritamente necessário. 

“É uma questão existencial”, diz ela. 

“Nossas decisões diárias estão sendo registradas no oceano. Queremos ser lembrados por essa quantidade de plástico?”

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